Dados mostram claramente que o Brasil precisa da reforma da Previdência

Luiz Antonio França

Em seus grandes objetivos, a reforma proposta pelo governo merece todo apoio. Os gastos com a Previdência cresceram 6,2% reais ao ano, em 20 anos, até 2017, enquanto a arrecadação líquida do governo aumentou apenas 3,5% ao ano. O déficit total dos regimes previdenciários do setor privado e do setor público supera os 4% do Produto Interno Bruto e tende a crescer com o envelhecimento da população. Os quase 21 milhões de pessoas com mais de 65 anos hoje serão 58 milhões em 2060, saltando de 10% para mais de 25% da população.

E o Brasil já gasta hoje mais com Previdência do que países em desenvolvimento como México e Turquia e tanto quanto países ricos e com população mais velha, como a Alemanha, com 25% de idosos, e o Japão com 30% de maiores de 60 anos.

Se o valor do déficit previdenciário total de R$ 279 bilhões, em 2018, fosse aplicado em habitação, o déficit total de 7,7 milhões de moradias seria eliminado em nove meses, financiadas 10,7 milhões de unidades do programa de habitação popular, gerados R$ 2,4 trilhões em produção e pagos R$ 561 bilhões em tributos.

A economia estimada em mais de R$ 1 trilhão, numa década, abrirá espaço para reduzir o desemprego, dos atuais 12 milhões, para 8 milhões em 2023, e responderá por elevação substancial do investimento. A dívida pública, em vez de subir, começará a ser reduzida como proporção do PIB na primeira metade da próxima década. Dos gastos do governo federal, 54% são com os regimes previdenciários, cinco vezes mais que com a Saúde e seis vezes mais que com a Educação.

Não mudar significa um estrangulamento do sistema, alta de juros, fuga de investidores e mais desemprego. Cada pessoa tem a vida afetada em um contexto desse e, portanto, cada um é importante agente de mudança. Ler, buscar informação, compartilhar com familiares e amigos, refletir seriamente sobre o que se deseja para futuro é o que cada um de nós pode fazer no momento. O silêncio, nesse caso em especial, pode trazer um preço alto.

A Abrainc lançou um manifesto pela aprovação da reforma, que já tem o apoio de 36 entidades da cadeia produtiva da construção civil e com centenas de assinaturas de empresários do primeiro time para manifestar seu apoio à reforma previdenciária, como passo inicial decisivo para que o país entre nos eixos. O segmento imobiliário é grande contribuinte da prosperidade nacional.

O Estudo de Necessidades Habitacionais feito pela FGV mostrou que a atividade imobiliária tem potencial para empregar 7,5 milhões de trabalhadores. O empresário quer investir. A população quer estudar e trabalhar. A infraestrutura há muito tempo requer maior atenção. O setor da construção tem força de reação, só precisa que a economia permita avançar. Estudos recentes demonstram que a retomada de 4.700 obras paralisadas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem o potencial de gerar 500 mil empregos no país.

Mobilização e união são vitais nesse momento. Não se recolha ao papel de observador. A hora pede atitude.