O momento nos oprime. A todos, em diferentes graus, mas de forma geral a estagnação atrasa nossos sonhos e cria uma sombra que inquieta a maioria. A situação que temos hoje no Brasil gera nas pessoas a uma grande insegurança na tomada de decisões. É como se a vida estivesse em compasso de espera. E está. Mas o que gera essa insegurança? Indefinições na política, recuo de investimentos, aumento do desemprego, forte ameaça de aumento de tributos, queda da renda das famílias, elevada taxa de juros e inflação.

Enquanto as empresas e as pessoas aguardam um ambiente mais definido, impotentes para agir na esfera política e macroeconômica, o futuro é um filme de suspense que ninguém se atreve a sugerir o final. A moeda inversa da questão é que os dias seguem e o futuro chegará rápido. É preciso manter-se vivo para esse amanhã que não sabemos ainda como será.

No mundo corporativo, o que escutamos é que as empresas estão administrando o caixa, cortando custos, paralisando investimentos e adiando projetos. Mesmo em um cenário inóspito, as empresas precisam definir estratégias para atravessar essa fase e construir uma base sustentada para os dias que virão. O tão esperado equilíbrio e a retomada econômica acontecerão, com certeza, e quem chegar anêmico não terá força para participar desse momento futuro.

Mas como passamos por esse período sem o mesmo volume de consumo que, por conseqüência, traz a redução nos negócios? Temos que adequar nossas empresas, reduzir custos, rever processos, olhar para o futuro e buscar novas tecnologias para que, na economia restabelecida, tenhamos empresas preparadas para atender às demandas que vão surgir. Como a política da foice é generalizada, toda a cadeia reduz investimentos, baixa seus níveis de serviços, compromete a qualidade e, praticamente, aniquila sua capacidade de reação. Quem terá fôlego para atravessar essa fase e desfrutar de dias melhores? Quem souber conduzir os desafios atuais com maestria suficiente para continuar a entregar valor.

Mas, sem um time inteligente, sem excelente gestão e sem uma estratégia madura e realista, essa mágica não tem nenhuma chance de acontecer. Não tem conceito inovador ou ferramentas revolucionárias que possam ser implementadas sem gente capacitada e um fluxo mínimo que permeie a organização, permitindo uma sobrevivência digna. A experiência da senioridade, oxigenada pela ousadia da nova geração, terão de unir-se na busca de soluções ‘fora da caixa’.

Acredito que as condições atuais nos levam a ser mais criativos, mais assertivos, menos arrogantes no entendimento de nossos talentos e impõe a todos a necessidade de assumir um compromisso maior com as análises realistas, com a boa governança e a adotar um olhar menos brilhante para os gurus que tudo sabem, mas pouco entregam. A entrega virá do esforço coletivo.

O valor está na liderança carismática e parceira de um time que encontre propósito no que faz e sente-se atuante em cada processo. Só uma empresa com DNA fortalecido conseguirá enfrentar os ajustes de um momento duro e sair realmente viva lá na frente. As outras, com sorte, sobreviverão. Com algum alimento, mas sem nenhum direito à diversão.

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